Quando a espiritualidade se torna dependência

A Bruxa Preta refelete sobre a necessidade de uma nova abordagem espiritual, evitando a dependência na busca por respostas predeterminadas

24|04|2024

- Alterado em 25|04|2024

Por Pam Ribeiro

É realmente necessário viver obcecado com a ideia de que a espiritualidade tem todas as respostas? Antes de pensar que isso é um ataque à sua fé ou crença, entenda que este artigo é apenas uma reflexão.

Recentemente, reconfigurei minha relação com a espiritualidade e percebi que estava ficando obcecada pelo controle, sempre tentando prever o futuro. Como se saber o que vai acontecer pudesse me trazer uma sensação de segurança.

Deixe-me explicar.

Sou cartomante e gosto de pedir auxílio das cartas para tomar decisões na vida. Mas sabe quando isso se torna uma dependência? Isso me levou a pensar: por que não deixar as coisas fluírem naturalmente?

A vida não é sempre boa, mas também não é sempre ruim. Talvez precisemos parar de procurar sinais em todo lugar e simplesmente viver, sabendo que algumas coisas estão além do nosso controle.

De verdade? A ideia de que “o oráculo é você” não pode ser apenas uma frase de efeito.

Tenho notado que, ao incentivar as pessoas a não serem tão obcecadas pelo místico, algumas reações podem ser negativas. Mas é uma realidade que precisamos considerar.

Em algum momento, vamos perceber que não precisamos de muito para entender o destino. Às vezes, é preciso aceitar que há coisas que não têm resposta.

Portanto, será que não é melhor dar um passo atrás e deixar a vida acontecer, sem a necessidade constante de querer prever tudo? O fluxo natural da vida pode nos surpreender de maneiras que jamais imaginamos.

Talvez seja hora de abraçar essa imprevisibilidade e parar de buscar sinais onde não há nada a ser encontrado. Afinal, você não precisa entender tudo para viver plenamente.

Larissa Larc é jornalista e autora dos livros "Tálamo" e "Vem Cá: Vamos Conversar Sobre a Saúde Sexual de Lésbicas e Bissexuais". Colaborou com reportagens para Yahoo, Nova Escola, Agência Mural de Jornalismo das Periferias e Ponte Jornalismo.

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